Nova Polícia : CORRUPÇÃO E TRÁFICO DE DROGAS

Em quase todo o mundo, governos estão sempre elaborando políticas públicas na tentativa de frear o comércio ilícito, sobretudo o tráfico de drogas. Com base na experiência que as nações já possuem sobre o tráfico de entorpecentes, as informações que se tem a respeito de como ele funciona e como ele tomou tais proporções, já seria possível criar mecanismos eficazes para deter tal fenômeno que tanto aflige a polução mundial. Ocorre-nos sempre a mesma pergunta: Como países tão ricos, capazes de enfrentar o problema, aparecem como escravos eternos desse mal? Por que o estado não vai à raiz, onde o problema se baseia? O abandono estatal se faz latente, quando paramos para pensar e percebemos que o estado, historicamente, foi displicente ao deixar que "estados paralelos" se formassem. Sem sua presença, sem seu devido cuidado. Comunidades carentes esquecidas, abandonas à própria sorte, dando origem à formação de governos clandestinos, a saber: Traficantes de drogas e armas, chefes do tráfico, donos dos morros. Os anos setenta e oitenta, "anos de ouro" para a criminalidade carioca, revelaram o fortalecimento de organizações criminosas como o famoso Comando Vermelho. Famoso e pioneiro, existe e atua ainda hoje. Em terras paulistanas vimos crescer o Primeiro Comando da Capital, em 2006 e em 2012 vimos o quanto eles são fortes. Policias mortos em dias de folga e diante de suas famílias, ônibus queimados, viaturas atacadas...

Voltemos á nossa pergunta: Como países tão ricos, capazes de enfrentar o problema, aparecem como escravos eternos desse mal? Para Moisés Naím, editor da revista Foreing Policy e autor do livro ILÍCITO (Editora J.Z.E - Jorge Zahar Editor - 2006), livro que trata do comércio ilícito internacional, é preciso entender que o comércio ilegal, em especial o tráfico de drogas, é movido por grandes lucros e não por uma pequena moral:

"Deveria ser óbvio. E, no entanto, a principal motivação do comércio ilícito muito frequentemente ocupa um ponto cego em nosso pensamento. Empregamos com naturalidade uma linguagem moralizante para condenar o comércio ilícito. É verdade que muitas pessoas envolvidas com o comércio ilícito são criminosos abomináveis, mas o que move são os lucros e um conjunto de valores geralmente invulneráveis às denúncias morais. O tráfico ilícito é um fenômeno econômico, não moral." [...]

(Naín, Moisés - Ilícito - Pg. 224 - 225).

Com este entendimento somos compelidos a mudarmos nossa forma de enxergar o fenômeno do tráfico de drogas ilícitas. O que antes nos parecia um mistério começa agora a ficar claro. Á muito mais fatores envolvidos no problema do tráfico do que pensamos. Como ressalta o autor hora citado, o tráfico é uma fonte grandes lucros, é capaz de movimentar uma economia. Em outro tópico, o mesmo autor destaca que o comércio ilícito é, também, um fenômeno político. "Comerciantes ilícitos não podem prosperar sem ajuda de governantes ou de cúmplices em importantes repartições públicas. De fato, determinados governos tornaram-se os próprios traficantes. Agora temos uma montanha de evidências que comprovam que é político." Diz.

O tráfico de drogas é, hoje, um dos nossos maiores problemas. Motivo de grande derramamento de sangue. Em território nacional podemos notar o esforço das forças policiais na busca por traficantes, apreensão de grandes quantidades de entorpecentes, entre outras ações. Mas á nossa lástima é saber que armas e drogas continuarão entrando em nosso país. Temos fronteiras fracas, desprotegidas, descuidadas. O problema precisa ser tratado na raiz, em nível internacional e legal. É necessário quebrar os "burgos" de corrupção, "abater" políticos descomprometidos com o povo, capazes de se aproveitarem da força da criminalidade para garantirem suas eleições e seus interesses. Mas enquanto não houver sinceridade e ousadia para se enfrentar o problema, continuaremos a ver famílias inteiras se perdendo pelo vício, mortes no submundo do tráfico, guerra entre polícia e bandidos em comunidades ondes deveria imperar a paz. E estaremos trabalhando no modo "enxugar gelo".