terça-feira, 28 de janeiro de 2014

[RIO DE JANEIRO] NOVO CHEFE DA POLÍCIA CIVIL TERÁ QUE EXPLICAR PATRIMÔNIO.

REPORTAGEM PUBLICADA NO SITE DA REVISTA VEJA


Novo chefe de Polícia Civil do Rio precisa explicar à Receita sua evolução patrimonial

Cláudio Ferraz comprou um imóvel a cada quatro meses entre 2009 e 2012. Escrituras mostram pagamento em dinheiro e com valores muito abaixo dos de mercado. Ministério Público Federal pede dados à Receita e abertura de investigação

Leslie Leitão e Thiago Prado
Cláudio Ferraz: delegado foi escolhido para ser o novo chefe de Polícia Civil do Rio
Cláudio Ferraz: delegado foi escolhido para ser o novo chefe de Polícia Civil do Rio (João Laet/Agência O Dia-14/03/2013)
"Sou produtor rural desde 1985. E aquilo não é uma fazenda. É mais é um sitiozinho metido à besta", afirma Ferraz, sobre sua propriedade em Minas Gerais
Escolhido para ser o próximo chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro, o delegado Cláudio Ferraz, 52 anos, famoso por ter prendido centenas de milicianos no Estado, tem no momento uma delicada missão: explicar sua evolução patrimonial nos últimos quatro anos. Ferraz foi uma opção do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, com aprovação do governador Sérgio Cabral. O procurador da República Orlando da Cunha encaminhou na segunda-feira um pedido de informações à Superintendência da Receita Federal, para que seja verificada “possível situação caracterizadora de redução ou supressão do tributo federal”, com base em um relatório de 87 páginas, com fotos dos imóveis, entregue aos procuradores no fim de 2013. Os imóveis foram adquiridos por valores muito mais baixos que os de mercado e pagos sempre em dinheiro.  O Ministério Público Federal também enviou ofícios também às corregedorias Geral Unificada e da própria Polícia Civil, para que sejam instaurados procedimentos de investigação.
As suspeitas sobre Ferraz têm um ponto curioso: a evolução patrimonial dos chefes de milícia foi exatamente o que possibilitou que o delegado, então à frente da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE), pusesse atrás das grades, desde 2007, os líderes de grupos paramilitares que exploram serviços como venda de água, gás, transporte clandestino, sinal ilegal de TV a cabo e internet em áreas carentes do Rio. Recentemente, Ferraz era o coordenador especial de Transporte Alternativo – ou o "xerife das vans".
Ele esteve à frente da Draco-IE, divisão da Polícia Civil que combate as milícias, entre outros crimes, até 2010. A aquisição de imóveis que agora o leva a dar explicações públicas ocorreu, oficialmente, a partir de 2009, com escrituras públicas passadas por valores ínfimos, se comparados aos preços praticados no inflacionado mercado imobiliário da cidade.

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