segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A POLÍCIA QUE O ATIVISTA PRECISA CONHECER



O nosso Brasil, sendo um dos países com maior índice de casos de abusos de autoridade, mortalidade juvenil e criminalização da pobreza, não poderia deixar de contar com a existências dos valentes e, muitas vezes odiados, ativistas de direitos humanos. Não é de hoje que suas vozes são audíveis ao tocar naquilo que muitos não tem coragem de tocar, metendo o dedo na ferida de poderosos e vaidosos homens públicos. Casos como as chacinas de Vigário Geral, Carandiru e candelária, além de episódios como o da Favela Naval, deram combustível a luta de tais ativistas que, quer reconheçamos quer não, contribuíram e muito com a evolução do entendimento da necessidade da preservação dos direitos fundamentais. O trabalho de muitos ativistas, no entanto, ao passo que se mostra intolerante aos abusos do estado, foca veementemente e até intransigentemente, suas forças não só no combate ao abuso policial, más também a combater a própria polícia. Parece não ser possível acreditar que a polícia seja capaz de servir a sociedade sem a ela prejudicar. Notamos tal fato através dos frequentes apelos pelo fim da polícia militar. A luta agora fixa a ideia de que  a polícia, sendo militar, não é capaz de ser uma polícia social e garantidora de direitos humanos.


O Brasil teve a oportunidade de enxergar, porém, em rede nacional um fato que pra muitos soou como curiosos, más que é mais comum do que possa ser imaginado. A história do Sargentinho, o Sargento Leonardo da Polícia Militar de Minas Gerais, um militar que se dedica a promoção da cidadania através da banda de música de Cordisburgo, foi apresentado pelo programa Caldeirão do Hulk, da TV Globo. Muitos não sabem, más em todo o país existem vários exemplos de atuação comunitária das polícias estaduais militares que não só funcionam bem como são capazes de promover profundas transformações sociais. São projetos que demonstram a capacidade que nossas polícias tem de conciliar o braço forte contra a criminalidade armada ao respeito à cidadania e a promoção de profundas transformações benéficas no tecido social. Creio que, em um tempo em que se clama tanto pelo desaparecimento das polícias militares – instituições profundamente ideológicas e históricas – sob a justificativa de que são violentas, conhecer e incentivar os projetos que dão certo seria mais importante do que simplesmente extinguir um instituição e apagar séculos de história. A mácula dos casos de abusos de autoridade, mortes injustificadas e atuações desproporcionais por parte de agentes do estado está ligada ao tipo de cultura que diz respeito a nossa própria sociedade. O policial que acha que sua missão é matar, não aprende isso na academia de polícia, ele já traz esse ideia da sociedade de onde saiu. Histórias de polícias que trabalham de forma inteligente e com respeito aos direitos humanos, com resolução compartilhada de problemas de segurança, existem em todo o país. Elas só precisam ser apoiadas e ampliadas.   As mesmas corporações que possuem membros que não compreendem que a função das polícias é de servir a sociedade, também possuem muitos membros que compreendem tal função, se dedicam e produzem profundos resultados. 


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